Capítulo
10 – Malditos Ghouls
Parte
1
René
Duarv
Vila
Ténor
A porta já estava trancada, mas aquilo não livrava René da ameaça que
estava lá fora e ele precisava encontrar algo melhor do que aquela simples
porta de madeira para proteger sua avó Marieta.
- Vó? Rápido, temos que encontrar um lugar seguro pra esconder a
senhora. - Disse René.
- Me esconder do que? E o que é que está acontecendo lá fora? Que
gritaria toda é essa? - Perguntou Marieta.
- Você se lembra daquelas histórias que o vô contava sobre seus
antepassados? Bom, parece que algumas delas não eram lendas.
- O que?
- Tinha uma história que ele contava às vezes sobre o Oeste. Sobre os
dias sombrios.
- Eu me lembro. Era uma de suas histórias favoritas. Como um de seus
antepassados salvou um vilarejo do Oeste de um ataque de Ghouls durante um
desses dias sombrios.
- Eu não tenho muita certeza do que eu vi, mas as descrições do vovô
batem. Tem umas coisas lá fora atacando a vila. São Ghouls.
- Mas o que você está dizendo? Mesmo que esses Ghouls fossem reais. As
lendas eram muito claras em dizer que eles nunca saíam do Oeste. Por mais que
fossem criaturas perigosas, existiam coisas piores naquela floresta que até
mesmo os Ghouls temiam e por isso nunca saiam do Oeste.
- Vó, eu não pude velos de perto, mas tenho quase certeza de que eram
Ghouls, como os da história. E olha só isso. Ainda é meio dia e o céu está
escurecendo mais a cada minuto.
Aquilo fez Marieta parar. Era muita informação para processar ao mesmo
tempo. Se os Ghouls eram mesmo reais, significava que as outras criaturas de
quem seu marido Rudolf contava eram todas reais. Depois de um momento de
silêncio ela parecia estar decidida.
- Vá até a sala, empurre o sofá e levante o tapete. Você vai ver um piso
falso. Dentro dele tem uma sacola contendo uma arma e roupas usadas pelos seus
ancestrais responsáveis pela vigilância da floresta.
Ele o fez e encontrou a sacola. Dentro dela tinha um conjunto de uma
roupa um tanto estranha, mas era um tecido marrom feito de algo que René nunca
havia visto na vida. Por mais estranho que fosse era algo bem resistente, com
certeza o protegeria bem mais do que suas velhas roupas de caça. Além das
roupas tinha algo completamente enrolado em um pano velho. Era uma espada. O
mais surpreendente era que a lamina da espada ainda estava muito bem afiada que
fez com que René cortasse a ponta do dedo indicador com um simples deslizar.
- Olha. Eu tenho certeza de que essa roupa pode ser muito útil. Mas uma
espada?
- Seu avô dizia que essa espada foi forjada pelos Agni a mando do
próprio Rei Elíadas. Os Agni eram os melhores ferreiros de toda aquela época.
Ela tem um símbolo de um dragão esculpido por toda sua empenhadura.
- Empenhadura?
- É a parte onde você segura. Deuses é só olhar que você vai ver onde é.
- É uma espada muito boa e tudo mais. Mas vó. A galera lá fora tá armada
com a mais moderna tecnologia e tudo que a gente tem aqui pra se proteger é uma
espada de mais de cinco mil anos de idade.
- Não se preocupe. Na casa de Guillian tem um arco e flechas escondido,
ele sempre foi muito bom de mira. Vocês vão se sair bem.
- Um arco e flechas? Puta que paril, vamo morrer nessa merda.
- O que foi que você disse meu neto?
- Eh, uh nada não vó. Olha, por que a senhora não se esconde no porão
enquanto eu vou buscar esse arco e flechas que vai salvar nossa pele?
- Tudo bem. Já vou indo. Mas tome cuidado e lembre-se do que seu avô lhe
ensinou.
Marieta desceu por uma escada escondida que levava ao porão e enquanto
isso René vestia as roupas que encontrara até que um barulho veio da porta. Na
primeira parecia apenas alguém batendo na porta. Mas logo se tornaram golpes
mais fortes. Eram Ghouls tentando arrombar a porta.
René se preparou com a única arma que tinha. Como era canhoto, sacou a
espada da bainha presa ao seu cinto com a mão direita e apenas esperou que a
porta tombasse. Depois de muitas tentativas, a porta foi ao chão trazendo para
dentro de casa a criatura mais horrorosa que René já havia visto na vida até
aquele momento.