sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O início da história

A Vida de Jonas


Um cara qualquer

Capitulo 1


A vida de Jonas Jonas



   Hoje irei contar a história de um jovem e depressivo rapaz que acabara de completar seus dezessete anos, um jovem cujo a única e melhor amiga estava morta por sua causa a pouco mais de um mês, um jovem chamado Jonas. A história de nosso pobre rapaz, assim como muitas outras, começa com uma morte. Não a sua morte pois caso ele estivesse morto não teríamos uma história, quer dizer, até teríamos uma história mas seria uma história bem diferente daquela que vou lhe contar.
    Era uma noite de verão como todas as outras na cidade de Jonas, cidade cujo o nome não tem importância no momento, tudo bem talvez seja um pouco importante mas sou eu quem não quero lhe dizer. As ruas do centro da cidade estavam desertas e escuras como sempre, como nada além de alguns mendigos dormindo na proteção da faixada dos prédios públicos, alguns traficantes de drogas nos seus pontos de venda onde eventualmente recebiam a visita de mais algum comprador com seu carro caro, uns pivetes procurando mais um lugar para pixar, e Jonas, um jovem baixinho e magro pulando o muro nada protegido do prédio do ministério da saúde. Nesse ponto você deve se perguntar porque cargas d'água um jovem inofensivo estava fazendo depois das duas horas da manhã invadindo um prédio público. E mesmo que não tenha se perguntado eu devo lhe dizer que nada de bom acontece depois das duas da manhã e se você resolveu fazer algo depois dessa hora esqueça, apenas vá dormir. Mas infelizmente Jonas não sabia disso ou se sabia, apenas ignorou e resolveu sair de casa escondido as duas da manhã no meio de uma crise depressiva e invadiu o prédio mais alto da cidade e também o mais famoso pela quantidade de pessoas que já foram ali se jogar para a morte.
    O pobre Jonas não conseguia parar de se culpar por ter causado a morte de Ana. Aquilo o levou à um longo período de depressão que culminou naquele único momento em que ele finalmente traria um fim para todo o seu sofrimento. Entretanto, o Universo, como sempre, tinha outros planos para Jonas e não deixaria que ele simplesmente colocasse um fim em sua vida antes que pudesse realizar e experimentar tudo aquilo que o Universo tinha planejado pra ele. E assim se deu início à uma série de pequenos eventos que impediriam que Jonas morresse ali naquele dia.
    Se por algum momento o pensamento de que Jonas escaparia da morte por conta de algum super poder ou profecia, esqueça pois nada de sobrenatural irá acontecer com Jonas por enquanto. Então voltemos a parte onde ele estava prestes a se jogar do alto de um prédio de 30 andares.
    E o que aconteceu depois que ele se jogou? Obviamente ele caiu e desmaiou de medo antes mesmo que pudesse piscar os olhos ao se dar conta do que havia acabado de fazer e a próxima coisa que Jonas pode se lembrar foi de acordar na sua própria cama em seu quarto se perguntando se estava morto ou aquilo teria sido apenas um sonho.
    Suas suspeitas de que estava morto pareceram se confirmar no momento em que Ana entrou pela porta se seu velho quarto quase que gritando:
    - Até que enfim a bela adormecida acordou. Fiquei te esperando lá na praça faz duas horas seu idiota. Tua sorte foi o gênio do teu padrasto ter esquecido a chave pendurada na fechadura de novo, senão eu já teria saído daqui sem você.
    Aquilo deixou Jonas paralisado apenas encarando sua amiga morta parada na sua frente com um olhar de quem estava pronta para quebrar cada pedacinho de osso de seu corpo, algo que Jonas jamais duvidara de que ela fosse capaz todas as vezes que recebia essa ameaça e antes que ela pudesse soltar qualquer outro insulto ele quebrou o silêncio e perguntou:
    - Do que é que você tá falando? - A pergunta pareceu ter aumentando significativamente a raiva de Ana quando respondeu:
    - Puta que pariu Jonas! Cê andou fumando aquela porra de novo? Tá doidão? - Aquilo só pareceu aumentar a confusão que se passava na mente de Jonas e ao perceber aquilo Ana acalmou a voz e continuou a explicar. - Porra Jonas, você esqueceu que hoje é a nossa formatura e que ela vai começar daqui uns 20 minutos no máximo? Já faz um mês que a gente combinou isso cara. - ela suspirou e continuou - Cê tem 5 minutos pra se arrumar e me encontrar lá na praça senão eu vou sem você.
    Sem que Jonas pudesse dizer uma só palavra, Ana saiu do quarto e o deixou sozinho com seus pensamentos. Ele lembrava sim do que haviam combinado. Mas aquilo foi antes do que aconteceu com Ana, na verdade foram apenas alguns momentos antes de sua morte quando eles fizeram o juramento de sangue combinando de irem juntos a colação de grau, depois tomariam todas no bar do gringo, depois seguiriam pra festa do Danilo sem mesmo que tivessem sido convidados e fechar indo até a praia da baía onde iriam assistir o nascer do sol numa barca a caminho do Novo Continente, sim ele se lembrava.
    Um mês havia se passado desde que ela havia morrido por conta daquela overdose e lá estava Ana gritando e xingando no ouvido de Jonas. Nada daquilo fazia sentido pra ele, afinal, a última coisa que se lembrava era de estar se jogando do alto de um prédio mas não, aquilo não podia ser real. Teria sido um sonho? Ou alguma viagem louco por conta das misturas que ele estava fazendo ultimamente? O Universo era testemunha do que ele estava usando desde o dia em os dois fizeram aquele juramento totalmente embriagados num canto qualquer de uma festa que haviam penetrado um mês antes.
    Enfim, nada daquilo se responderia enquanto Jonas não se arrumasse e fosse logo onde a possível Ana estava esperando por ele.
    Lá estava ela sentada no banco da praça onde os dois cresceram juntos brincando, os únicos amigos que ambos tiveram durante seus agora 17 anos de vida, se é que estavam realmente vivos.
    Assim que viu Jonas se aproximando, Ana se levantou e seguiu em direção à um carro verde, pequeno e bem acabado. Quando Jonas se aproximou ainda nervoso sem saber se ia logo direto ao assunto ou apenas esperaria a melhor hora pra falar. Ele resolveu esperar, como sempre fazia, e fez apenas uma pergunta não escondendo o espanto em sua voz:
    - Sua te emprestou o carro dela? Que milagre.
    Ana lhe devolveu um sorriso maldoso e disse:
    - Não. Agora vamos.

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